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domingo, 25 de novembro de 2012

Desmistificando o terrorismo - Mike Prysner (ex-soldado americano, que participou na Guerra do Iraque)




VID091228_Mike_Prysner from Passa Palavra on Vimeo.


"Chamo-me Mike Prysner, ingressei no exército e recebi a instrução de base em Junho de 2001. Fui integrado na 10ª Divisão de Montanha e em Março de 2003 fui destacado com uma brigada para o norte do Iraque.

Quando ingressei no exército disseram-nos que o racismo não existia nas Forças Armadas. Uma tradição de desigualdade e discriminação era, assim de repente, apagada por algo chamado "Programa para a Igualdade de Oportunidades". Fomos assistindo a aulas obrigatórias, onde nos garantiam que o racismo havia sido eliminado das fileiras e cada unidade tinha um oficial de comando específico para garantir que não ressurgisse qualquer manifestação de racismo. O Exército parecia estar firmemente empenhado na supressão de qualquer indício de racismo. E então, o 11 de Setembro aconteceu. Comecei a ouvir novas expressões como: "cabeça de toalha", "jóquei de camelo" e a mais perturbadora - "preto do deserto". Estas palavras não vinham inicialmente dos meus companheiros soldados, mas dos meus superiores, o meu sargento de pelotão, o primeiro sargento da minha companhia, o meu comandante de batalhão. Em toda a cadeia de comando até lá em cima, expressões deliberadamente racistas tornaram-se subitamente aceitáveis. Notei que o racismo mais ostensivo vinha de veteranos da primeira Guerra do Golfo. Essas foram as expressões que usaram quando tratavam de carbonizar comboios civis. Essas foram as expressões usadas quando este governo deliberadamente definiu como alvo a infra-estrutura civil, o bombardeamento das reservas de água, sabendo que isso iria matar centenas de milhares de crianças. Essas foram as expressões que o povo norte-americano usou quando permitiu que este governo castigasse o Iraque e isto é algo que muitas pessoas esquecem.

Acabamos de saber que matamos mais de 1 milhão de iraquianos desde a invasão; já tínhamos matado 1 milhão de iraquianos antes da invasão, ao longo da década de 90, com os bombardeamentos e sanções antes desta. Na realidade, o número é muito mais elevado.

Quando cheguei ao Iraque, em 2003, aprendi uma palavra nova - "haji". Haji era o inimigo. Haji era cada iraquiano. Não era uma pessoa, um pai, um professor ou um trabalhador. Mas é importante saber de onde é que esta palavra vem. Todo o muçulmano se esforça por fazer uma peregrinação a Meca, chamada Haj. Um muçulmano que tenha feito peregrinação é um Haji. É algo que, no Islão tradicional, é a mais importante tarefa religiosa e assim, eles fizeram da melhor coisa para um muçulmano, a coisa pior. Mas, a história não começou connosco... Desde a criação deste país o racismo tem sido utilizado para justificar a expansão e opressão. Os nativos americanos foram chamados selvagens. Os africanos foram chamados todos os tipos de coisas para desculpar a escravatura. Uma multidão de nomes foram usados durante o Vietname para justificar essa guerra imperialista. Então, Haji foi a palavra que usamos nesta missão. Nós ouvimos muito sobre invasões durante o Winter Soldier ("Soldado de Inverno", a série de acções militantes em que se inseriu esta conferência), derrubando a pontapé as portas das pessoas e saqueando as suas casas. Mas esta missão foi um tipo diferente de ataque. Nós nunca recebemos qualquer explicação para essas ordens, só nos diziam: este grupo de cinco ou seis casas é agora propriedade do exército dos EUA. E tínhamos de entrar e obrigar aquelas famílias a deixarem as suas casas. Então nós fomos a essas casas e informamos as pessoas que as suas casas já não eram as suas casas. Não lhes demos nenhuma alternativa, nenhum lugar para onde irem, nenhuma compensação. Eles ficavam muito confusos e com medo e não iriam sair e então tivemos de tirá-los das suas casas à força. Houve uma família em particular que se destacou: uma mulher com duas filhas; um homem idoso que estava de cama e dois homens de meia idade. Nós arrastámo-los de suas casas e atirámo-los para a rua. Nós prendemos os homens por não quererem sair, prendemos o ancião e enviámo-los para a prisão com a polícia iraquiana. 

Naquela altura, eu não sabia o que acontecia aos iraquianos, quando lhes amarrávamos as mãos atrás das costas e lhes enfiávamos um saco na cabeça, mas infelizmente, alguns meses mais tarde, eu tive de descobrir. A nossa unidade foi encarregada de interrogatórios e eu, encarregado de ajudar nos interrogatórios. Presenciei e participei em centenas de interrogatórios. Um em especial que eu gostaria de vos contar, foi para mim um momento que me ajudou a perceber a natureza da nossa ocupação. O detido em questão, que fui encarregado de interrogar, foi despojado da sua roupa interior, as mãos amarradas atrás das costas, um saco na cabeça e eu realmente nunca vi o seu rosto. A minha tarefa era pegar numa cadeira dobrável de metal e enquanto ele estava de frente para a parede, bater fortemente com a cadeira ao lado da sua cabeça, cada vez que lhe era feita uma pergunta. Um outro soldado gritava a mesma pergunta várias vezes e qualquer que fosse a resposta, a minha função era bater com a cadeira ao lado da sua cabeça. Fizemos isso até ficarmos cansados, então disseram-me para assegurar que ele ficasse em pé, de frente para a parede. Fiquei a vigiá-lo, mas algo estava errado com a sua perna... estava ferido e sempre a cair no chão. O meu sargento disse-me para o obrigar a ficar de pé, eu tinha de o levantar e de o manter contra a parede. Como ele continuou a cair, eu tive de continuar a levantá-lo à força, colocando-o contra a parede. O sargento veio e ficou zangado por ele estar outra vez no chão; então pegou nele e bateu-o contra a parede por diversas vezes, riu-se e quando o homem caiu no chão novamente, reparei que havia sangue escorrendo por debaixo do saco. Então, eu deixei-o sentar-se e sempre que o sargento de aproximava, eu alertava o homem para se por de pé. Foi então que percebi que deveria estar a defender a minha unidade deste detido, mas o que eu estava a fazer era defender esse detido da minha unidade. Esforcei-me por ter orgulho do meu serviço, mas... tudo o que eu sentia era vergonha!

O racismo já não poderia mascarar a realidade da ocupação. Ali estavam pessoas. Eram seres humanos. Desde então, vivo atormentado pela culpa. A toda a hora eu vejo um homem idoso, como o que não podia andar, que nós pusemos numa maca e dissemos à polícia Iraquiana para o levar. Eu sinto culpa a toda a hora que vejo uma mãe com os seus filhos, como aquela que chorava histericamente e gritava que isto era pior do que o Saddam, quando a obrigávamos a deixar a sua casa. Eu sinto culpa a toda a hora e vejo uma menina, como a que eu agarrei pelo braço e arrastei para a rua.

Disseram-nos que estávamos a lutar contra terroristas. O verdadeiro terrorista era eu. O verdadeiro terrorismo é a ocupação. O racismo nas Forças Armadas tem sido um instrumento importante para justificar a destruição e a ocupação de outro país. Tem sido muito utilizado para justificar a matança, a subjugação e para torturar outro povo. O racismo é uma arma fundamental usada por este governo. Uma arma mais importante do que um fuzil, um tanque, um bombardeiro ou um navio de guerra. É mais destrutivo do que um projéctil de artilharia, uma bomba antibunker ou um míssil Tomahawk. Embora todas essas armas sejam criadas e usadas pelo governo, elas são inofensivas, se não houver pessoas dispostas a utilizá-las. Aqueles que nos enviam para a guerra não têm de puxar o gatilho ou de lançar uma salva de morteiros, pois eles não têm de fazer a guerra, eles só têm de nos vender a guerra. Precisam de um público que esteja disposto a enviar os seus soldados para o perigo e  precisam de soldados que estejam dispostos a matar e a serem mortos, sem dúvida. Eles podem gastar milhões numa única bomba, mas essa bomba só se torna uma arma quando os militares subordinados se dispõem a seguir as ordens para usá-la. Podem enviar tropas para qualquer confim da terra, mas só haverá guerra se os soldados estiverem dispostos a combater.

A classe dominante - os bilionários que lucram com o sofrimento humano, que só se preocupam com a forma de aumentar a sua riqueza e controlar a economia mundial, sabem que a sua força reside apenas na sua capacidade de nos convencerem de que a guerra, a opressão e exploração são do nosso interesse. Eles sabem que a sua riqueza está dependente da sua capacidade para convencerem a classe trabalhadora a morrer para controlar o mercado de outro país. E convencer-nos a morrer e a matar, depende da sua capacidade para nos fazerem acreditar que somos de alguma forma superiores. Soldados, marinheiros, os fuzileiros navais e os aviadores, não têm nada a ganhar com esta guerra. A grande maioria das pessoas que vivem nos EUA não tem nada a ganhar com esta guerra. Na verdade, não só os soldados e os trabalhadores, não ganham nada com essa ocupação, como sofrem mais por causa dela. Perdemos membros, suportamos o trauma e damos as nossas vidas. As nossas famílias têm de olhar para os caixões cobertos com a bandeira, que descem à terra. Milhões de pessoas neste país, vivem sem cuidados de saúde, sem emprego, sem acesso à educação e vêem este governo desperdiçar mais de 400 milhões de dólares por dia nesta ocupação! Os trabalhadores pobres deste país, são enviados para matar trabalhadores pobres de outro país, para tornar os ricos mais ricos. Não havendo racismo, os soldados percebem que têm mais em comum com o povo iraquiano do que com os bilionários que nos enviam para a guerra.

Eu atirei pessoas para a rua no Iraque, mas quando voltei para casa encontrei aqui famílias atiradas para a rua, por esta crise trágica e desnecessária da execução das hipotecas. Precisamos de acordar e de perceber que os nossos verdadeiros inimigos não estão numa terra distante e que cujas culturas não entendemos. O nosso inimigo é gente que conhecemos bem e que podemos identificar, o inimigo é o sistema que nos manda para a guerra, quando é rentável; os inimigos são os administradores que nos expulsam dos empregos, quando é rentável; são as companhias de seguros que nos negam cuidados de saúde, quando é rentável; são os bancos que nos tiram as nossas casas, quando é rentável. Os nossos inimigos não estão a 5 mil milhas de distância. Eles estão aqui em casa e se nos organizarmos e lutarmos com nossos irmãos e irmãs, podemos parar esta guerra, podemos para este governo e podemos criar um mundo melhor."

Mike Prysner 
(membro da IVAW - Iraq Veterans Against the War, organização de ex-combatentes contrários à guerra)


Sobre Mike Prysner

http://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Prysner
http://www2.answercoalition.org/site/News2?page=NewsArticle&id=9020&news_iv_ctrl=0&abbr=VSMTF 
http://www.keywiki.org/index.php/Mike_Prysner  

Facebook: https://www.facebook.com/michael.prysner

  

Ver este vídeo é o convite que faço a TODOS os cidadãos, SEM EXCEPÇÃO! Vale mesmo a pena perdermos alguns minutos do nosso tempo ouvindo o testemunho de alguém que DESPERTOU...

Depois de ouvirmos o discurso deste veterano da guerra do Iraque, jamais poderemos afirmar que: desconhecemos a VERDADEIRA ORIGEM das guerras; desconhecemos como são VIOLADOS OS DIREITOS HUMANOS dos cidadãos dos países que são invadidos; desconhecemos como é MANIPULADA A INFORMAÇÃO que chega até nós, através dos meios de comunicação social; desconhecemos que SOMOS ENGANADOS pelos nossos governantes!

É URGENTE tomarmos consciência que sempre que um país invade outro país, declarando-lhe guerra, isso só acontece porque o POVO desse mesmo país invasor, assim como o POVO dos outros países deste planeta aceitaram que isso acontecesse. Uns defendendo claramente a guerra e outros por omissão... Não sei qual destas duas posturas será a pior, se é a atitude daquele que diz para matar, se é atitude daquele que faz de conta que não vê, que não ouve e que não sabe que há gente a ser torturada, que há gente a morrer... Mas há algo que tenho certeza - NUNCA ALCANÇAREMOS A  PAZ NO MUNDO, ENQUANTO FORMOS ESPÍRITOS BELICOSOS!

Meditemos! Se queremos fazer parte de uma SOCIEDADE EVOLUÍDA, NÃO PODEREMOS CONTINUAR A PERMITIR que os nossos governantes CRIEM GUERRAS ou sejam CONIVENTES com as mesmas! Somos TODOS nós, cidadãos do mundo que temos que traçar o nosso futuro e para isso, é preciso que nos unamos e que saibamos dizer - BASTA!!! 


PARTILHEM! O discurso deste soldado contrário à guerra é digno de MUITA DIVULGAÇÃO! :)
 

2 comentários:

  1. Surucuá,povo belicoso é povo perigoso.

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  2. Concordo! Quem procura a guerra, JAMAIS OBTERÁ A PAZ!

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