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domingo, 2 de dezembro de 2012

Os Dez Mandamentos da Terceira Idade






Compreendendo melhor como viver a Terceira Idade, na opinião da Terceira Idade

 
"Nesta semana, por força e necessidades burocráticas estive no 1o cartório de Campinas. A princípio um pouco contrariado, afinal como médico e pesquisador poderia estar cuidando de assuntos que me atraem mais. Enquanto esperava “os papéis caminharem “aproveitei para dar um abraço no meu amigo Dito Campanhone. Aconteceu de Dito e eu engatarmos uma conversa com Miguel Macho Gabes, um jovem senhor de 78 anos, ex-inspetor de construção civil — atual filantropo militante da Loja Inconfidência. Na nossa agradável conversa, o Sr. Miguel Galbes me passou uma visão de como se comportar bem perante a vida no período da terceira idade, tendo ele um espírito sábio e menino aos setenta e oito anos, achei que seria uma boa ideia passar esses conselhos adiante. Aí vocês têm as reflexões do Sr. Galbes:

“Ninguém, por ser muito velho, deve considerar-se um ‘inútil’ e aos anos vividos não concedam o direito de mostrar-se desanimado e desagradável. Para os velhos que, como os jovens, costumam enganar-se com muita frequência, ofereço, humildemente, estes dez conselhos”.

1º. Conselho do Sr. Galbes: Não renuncie às tuas ocupações muito cedo. A maior parte dos “Anciões” cruzam os braços quando ainda possuem energia suficiente para a luta, sem compreender que a atividade é “Vida”. O verdadeiro elixir da juventude eterna é o dinamismo, que não permite que envelheçam os que executam um trabalho, com habilidade e prazer. Muitos velhos chegam a converter-se numa praga entre os seus porque, não tendo ocupação e interesses próprios, acabam se metendo nos assuntos dos outros. Com essa intromissão impertinente e oficiosa, procuram fugir da falta do que fazer. 

2º. Conselho: Não mores com teus filhos. Tenhas teu próprio Lar, mesmo que seja somente um “quartinho”. Ali poderás fazer o que quiseres e gozar de “Liberdade e Independência”, ao invés de ser obrigado a andar na ponta dos pés para evitar atritos desagradáveis com “noras”, “genros”, “netos”, “teus filhos” e tantos outros “parentes”. Os pais que renunciam ao seu Lar para aceitar o do filho não apreciam a sua felicidade nem a dele.

3º. Conselho: Mantenhas o governo de tua bolsa. Ajuda a teus filhos financeiramente, na medida de tuas posses, mas reserva-te sempre uma parte do teu dinheiro. Não cometas o erro de ceder a teus filhos todos os teus bens em troca da promessa de que cuidarão de ti. Um bom filho não permitirá isso e um filho ambicioso é mais temível do que um inimigo. Não esqueças que na velhice, o melhor amigo é um dinheiro bem guardado.

4º. Conselho: Cuida de tuas amizades velhas e não desdenhe as novas. Os amigos nos oferecem um bom meio de alegrar a solidão. Cultiva a arte da amizade como uma planta rara, com os melhores cuidados. Mostra-te atento às pessoas que conheces e procures não esquecer as datas importantes de suas vidas. Anote numa pequena agenda sentimental. Alegra-te com suas alegrias, acompanha-os nas suas tristezas e nunca precisarás queixar-te de estar demasiadamente só.

5º. Conselho: Cuida da tua aparência e trata de mostrar-te sempre o mais atraente possível. Muitos velhos pensam que a idade lhes concede o privilégio de vestirem-se de qualquer maneira e até de descuidarem-se dos preceitos elementares de higiene. Esquecem-se dos alfaiates, modistas, cabeleireiros, barbeiros. Exibem caspa na gola do paletó e manchas de gordura na camisa revelam o cardápio da semana. Alguns chegam mesmo a desprezarem o uso de água e sabão.

Nem sempre velhice significa sabedoria.

6º. Conselho: Se teus parentes moram distantes, restam-te os vizinhos. Um bom vizinho é um tesouro e como tal devemos descobri-lo e cuidá-lo. Se quiseres que teu vizinho se preocupe contigo amanhã e, se caíres doente, possa levar-te o clássico “copo d’água”, preocupa-te com ele hoje e demonstra-lhe que podes ser útil de várias pequenas maneiras. Teu gesto amigo poderá ser retribuído no momento que mais necessitares.

7º. Conselho: Não tentes dirigir, sob qualquer pretexto, a vida de teus filhos adultos. Eles são seres com cérebro, coração, vontade e com muitos anos para cometerem seus próprios erros e adquirirem experiência. Lembra-te que o fato de que os pusestes no mundo não implica que eles sejam necessariamente iguais a ti. Dá-te conta que eles possuem gostos, inclinações, hábitos e inteligência própria e que os tempos mudaram. Muita coisa que na tua juventude era considerada sensata, hoje é encarado como ultrapassada e, em alguns casos, até mesmo estupidez. Não dê palpites, reserva-te o direito de responderes quando perguntado e serás ouvido.

8º. Conselho: Não te deixes dominar pelo vício mais comum da velhice que é a “Presunção”. Não és um sábio somente porque fizeste oitenta anos. Podes ter vivido esse tempo sem acrescentares sabedoria ao teu viver e chegas ao fim da tua jornada tão estúpido como no início dela. Se realmente cresceste, deixes que a Humildade seja tua marca mais forte.

9º. Conselho: Não creias que tua idade avançada te concede o direito de mostrar-te desagradável. Evites o mais possível ser um desses velhos rabugentos, mal humorados, ásperos, cujas famílias não conhecem um minuto de paz… Lembra-te que toda paciência tem limite e que não há nada de agradável em desejarem nossa morte. Nem para eles nem para ti.

10º. Conselho: Não sejas “PALIFICANTE”. Não contes a mesma história três, quatro, cinco vezes, se não queres que se afastem de ti. Guarda tuas memórias e reminiscências e não as evoque a cada momento, esperes que a solicitem. Aprendas a apreciar o silêncio e, enquanto puderes “LER”, não tens necessidade de enfastiares os outros com tua conversa repetitiva."

Dr. Conceil Corrêa da Silva  
Médico Psiquiatra, Escritor e Presidente da Associação Brasileira de Estudos das Inteligências Múltiplas e Emocional® (ABRAE)


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