No nosso país há
inúmeras associações/instituições/grupos de cidadãos que têm um
objectivo comum - recolher animais de rua, animais vítimas de maus
tratos e animais abandonados e encontrar para estes um dono que irá
fazer deles ANIMAIS FELIZES! E assim, proliferam na Internet: sites de
adopção de animais, apelando-se a uma "adopção responsável"; campanhas
de sensibilização contra o abandono e maus tratos a animais; informação
sobre como fazermos denúncias e sobre legislação para protecção animal;
fóruns para amigos de animais... Até aqui, nada contra, muito pelo
contrário... Bem-haja a todos aqueles que LUTAM diariamente pela vida de
inúmeros animais!
No entanto, estas
pessoas têm hoje uma missão difícil em suas mãos... Num país que está
FALIDO quem é que terá facilidade em cativar outras pessoas para a
adopção de animais? Uns têm medo porque estão desempregados, outros têm
medo porque têm em emprego, mas estão em situação precária (salários
baixos, contratos a termo incerto, recibos verdes), não sabendo até que
data irão ter trabalho garantido ou se num futuro próximo irão ter que
decidir emigrar para outro país... E temos ainda outro factor, que é uma
consequência directa da actual situação económica do país - pessoas que
estão em situação de falência pessoal, agregados familiares em situação
de grave carência económica (há famílias com rendimento ZERO euros) que:
- com as lágrimas nos olhos e o coração apertado, sentindo-se incapazes de continuar a dar todos os cuidados necessários (alimentação, saúde e/ou habitação) aos seus animais de estimação, dirigem-se às instituições, associações, grupos de cidadãos acima citados para darem os seus animais para adopção;
- entregam as suas casas ao senhorio, mas se "esquecem" de levar os seus animais para a nova casa, deixando-os à porta da sua antiga casa;
- abandonam os seus animais domésticos numa rua/estrada qualquer!
- com as lágrimas nos olhos e o coração apertado, sentindo-se incapazes de continuar a dar todos os cuidados necessários (alimentação, saúde e/ou habitação) aos seus animais de estimação, dirigem-se às instituições, associações, grupos de cidadãos acima citados para darem os seus animais para adopção;
- entregam as suas casas ao senhorio, mas se "esquecem" de levar os seus animais para a nova casa, deixando-os à porta da sua antiga casa;
- abandonam os seus animais domésticos numa rua/estrada qualquer!
Constato que há pessoas que vivem
actualmente autênticos dramas, vidas de terror e cada uma delas reage de
acordo com a sua formação interior, ou seja; se uns vão procurar
solucionar os problemas da forma mais correcta, outros há que vão
solucionar os problemas da pior forma possível! Se a situação actual do
país não mudar (e tudo indica que isso não vai acontecer a curto prazo) estes
fenómenos TERÃO TENDÊNCIA A AUMENTAR...
Actualmente poderemos dividir os adoptantes em vários géneros:
- pessoas que têm as condições económicas ideais para garantir aos seus animais todos os cuidados de saúde, alimentação, habitação, etc e que ao mesmo tempo adoram animais, não os poupando a manifestações de afecto e brincadeiras;
- pessoas têm as condições económicas ideais, adoptam animais, mas o amor que realmente lhes dão é muito pouco (não brincando com eles, não lhes dando afecto), tratando-se para eles de mais um "bibelot" que têm lá em casa;
- pessoas que têm condições económicas ideais e adoptam animais como objecto de ostentação ou para intimidar os outros (por exemplo, os cães de presa), educando-os propositadamente para se tornarem animais agressivos;
- pessoas que têm realmente muito amor para dar aos animais, mas que por não terem as condições económicas ideais, se privam do prazer de adoptar animais domésticos;
Os gatis ou canis são as moradas possíveis numa fase entre recolha e adopção, tendo um carácter temporário, mas não são definitivamente o sítio ideal para um gato ou um cão viver! Qual é o gato ou o cão que consegue ser feliz dentro de uma jaula, depois de ter conhecido a liberdade (na rua)? Qual é o cão ou o gato que não gostaria de fazer parte de uma família, ter uma casa, ter um dono para cuidar e um parceiro para brincar, de quem poderá receber muitos mimos? Basta olharmos para os olhos dos animais que vemos nas fotos dos sites de adopção para ficarmos com o coração partido! E não podemos esquecer-nos que estes espaços abrigam inúmeros animais que mantêm grande proximidade física, o que é um factor muito favorável para a transmissão de doenças contagiosas entre eles e que inclusive (algumas delas) poderão ser mais tarde transmitidas aos futuros donos.
Por isso, penso que se realmente queremos ajudar os animais, deveremos então preocupar-nos com AS PESSOAS que:
- têm realmente muito amor para dar aos animais, mas que não têm condições económicas (e que por isso evitam adoptar);
- têm animais domésticos, tendo sido adoptantes responsáveis no momento da adopção, mas que infelizmente (sem que tivessem feito por isso) ficaram em situação económica de risco ou mesmo de falência pessoal (que querem dar os seus animais para adopção, porque não os querem privar dos cuidados de saúde e alimentação a que eles têm direito).
Não basta as instituições/associações/grupos de cidadãos retirarem os animais das ruas e entregarem os mesmos nas mãos de alguém que vai fazer uma adopção responsável. É imprescindível que as pessoas que querem adoptar e as pessoas que já adoptaram possam ter a certeza que se de um momento para o outro ficarem em situação económica de risco ou de falência pessoal, os seus animais de estimação NÃO DEIXARÃO DE RECEBER OS CUIDADOS DE ALIMENTAÇÃO E SAÚDE que necessitam. Desta forma estaríamos a agir em benefício de todas as partes:
- os gatis e os canis reduziriam acentuadamente a quantidade de animais que albergam (as pessoas já não teriam tanto receio de adoptar e os que já adoptaram não teriam necessidade de dar novamente os seus animais para adopção, numa altura de carência económica, assim como reduziria a quantidade de abandono dos animais domésticos nas ruas);
- poderíamos garantir a felicidade dos animais que são recolhidos (a maior parte ganharia um dono e um lar) e dos que já foram adoptados (que iriam ficar infelizes ao perder os seus donos, alguns deles companheiros de longos anos, ficando assim submetidos a períodos de grande stress - mudança de donos e de casa);
- as pessoas que adoram animais, mas que não têm grandes possibilidades económicas já não teriam que se sentir privadas do prazer de adoptar e tornar os seus animais em animais felizes (resgatando-os assim de uma vida atrás das grades de uma jaula);
- as pessoas que têm animais domésticos e que se encontram em situação de carência económica ou falência pessoal, já não sentiriam a necessidade de darem os seus animais (que tanto amam) para adopção (decisão que para muitos poderia acarretar um sofrimento insuportável), para que estes não ficassem privados de cuidados de alimentação e saúde (estas pessoas foram no passado ADOPTANTES RESPONSÁVEIS e não seria justo que passassem a ser os ABANDONADOS À SUA SORTE no meio das dificuldades para prestarem auxílio aos seus animais).
Mas, como é que este apoio poderia ser garantido? Não nos podemos esquecer que muitos dos animais que são retirados da rua já se encontram doentes (pela exposição ao frio e à chuva, pelo contacto directo com outros animais doentes, pelos longos períodos sem se alimentarem ou se alimentarem correctamente) e alguns deles poderão necessitar de grandes cuidados de saúde ao longo da sua vida ou visitas muito frequentes ao veterinário assim como, repetição constante de tratamentos... Pelo que sei (corrijam-me por favor, se eu estiver errada) não há veterinários que façam atendimento gratuito a animais cujos donos estejam em situação económica de risco ou falência pessoal. Há associações, instituições e grupos de cidadãos que se dedicam à recolha de animais de rua (para que estes sejam adoptados), que têm protocolos com algumas clínicas veterinárias, de forma a facultarem aos adoptantes com poucos recursos económicos o acesso a consultas, vacinas, esterilização, etc, com preços menores do que o normal. Isto sem dúvida, já é uma grande ajuda, mas para algumas pessoas/famílias (pela situação actual em que se encontram), mesmo essa despesa seria difícil de suportar!
Acho que seria fundamental todos os responsáveis por todas associações/instituições/grupos de cidadãos de todo o país (que têm como objectivo a protecção aos animais) juntarem as suas forças, trabalhando em conjunto! Assim, tanto os animais que foram retirados da rua e que ainda não têm dono como os animais que já foram adoptados, cujos donos ficaram em situação económica de risco ou falência pessoal TERIAM ACESSO GARANTIDO aos cuidados de alimentação e/ou saúde (desparasitação, vacinação, esterilização, aparelhos para tratamentos, medicamentos, exames clínicos, internamentos, cirurgias) que necessitassem. Só a COOPERAÇÃO é capaz de gerar um AUXILIO REALMENTE EFICAZ!
Isto poderia resultar por exemplo, na CRIAÇÃO DE UMA ENTIDADE (sem fins lucrativos, que respeitasse os princípios de transparência e integridade) cuja sua missão consistiria em:
- fazer campanhas de sensibilização junto da população em geral, empresas cuja sua actividade lucra directamente com a adopção dos animais domésticos (lojas que vendem acessórios, alimentos, produtos de higiene para animais; supermercados e hipermercados; marcas de ração para animais domésticos; hotéis para cães e gatos; veterinários (que abraçaram a profissão por amor aos animais) e clínicas veterinárias, laboratórios de farmacêutica e farmácias) para que todos pudessem colaborar neste grande projecto, participando com: donativos em dinheiro; horas de trabalho em regime de voluntariado (gratuito); doação de areia, mantas de aquecimento, arranhadores, produtos de higiene para cães e gatos, produtos de limpeza, ração seca e húmida para cães e gatos, brinquedos, aparelhos para tratamentos clínicos; prestação de cuidados de saúde a preços muito baixos ou mesmo gratuitos (desparasitação, vacinação, esterilização, internamento, cirurgias, etc); publicidade gratuita a este projecto, junto das pessoas conhecidas;
- distribuir os recursos acima mencionados por todas as associações/instituições/grupos de cidadãos que existem em todo o país (que se dedicam à protecção animal), de acordo com as suas necessidades;
- receber as inscrições das pessoas (por exemplo através do site ou blog deste projecto) que queiram fazer voluntariado e direccioná-las para as associações/instituições/grupos de cidadãos que fiquem mais próximas da sua área de residência, de acordo com as suas necessidades de recursos humanos;
- receber pedidos de ajuda (pessoalmente ou através do blog ou site do projecto) de donos de animais domésticos que estão em situação de carência económica ou falência pessoal ou de pessoas que adoram animais e gostariam de adoptar um animal doméstico, mas que não têm grandes recursos económicos e direccioná-las para as associações/instituições/grupos de cidadãos que existem em todo o país (que se dedicam à protecção animal) e consultórios de veterinários/clínicas veterinárias que participam no projecto, para que possam obter destes a ajuda necessária para os seus animais em alimentação e/ou cuidados de saúde que poderão ser facultados a preços muito baixos ou mesmo gratuitos, segundo o caso de cada um, que facilmente poderá ser analisado através de documentação legal para o efeito (como por exemplo a declaração de rendimentos, recibos de vencimento, etc), garantindo-se assim que se a pessoa cujo seu animal de estimação beneficiou de cuidados de saúde num consultório ou clínica veterinária (participantes neste projecto) que não poderão ser-lhe facultados gratuitamente e se se verificar que ela não poderá pagar qualquer valor (mesmo que seja muito baixo), o projecto pagará o valor restante para que este passe para valor ZERO;
- organizar campanhas de recolha de ração para cães e gatos, húmida e seca e produtos de higiene, à entrada dos supermercados e hipermercados em vários pontos do país (os cidadãos seriam abordados pelos voluntários do projecto e sensibilizados para comprarem alimentos ou produtos de higiene para cães e gatos, pagarem os mesmos e fazerem a doação dos destes ao projecto, antes de saírem), através dos voluntários inscritos no projecto, nessas áreas do país e canalizá-los para todas as associações/instituições/grupos de cidadãos que se dedicam à protecção animal em Portugal;
- organizar campanhas de recolha de medicamentos usados (que estejam dentro do prazo de validade, doados por pessoas cujos seus animais domésticos foram submetidos a tratamentos médicos, que já terminaram, não precisando mais dos medicamentos) junto de farmácias (por exemplo), em vários pontos do país e canalizá-los para as associações/instituições/grupos de cidadãos que se dedicam à protecção animal, que irão utilizá-los para tratamento dos animais que recolhem das ruas ou para darem aos adoptantes (em situação de carência económica, que fizeram pedido de ajuda para cuidados de saúde) que já adoptaram animais domésticos que necessitam de tratamentos;
- fazer campanhas de sensibilização junto do público em geral (recorrendo à Internet, às redes sociais e meios de comunicação social) para que o mesmo colabore com este projecto, dando donativos, participando nas acções de voluntariado, fazendo publicidade do projecto às pessoas suas conhecidas;
- fazer campanhas de sensibilização junto de escritores, pintores, escultores, músicos que gostem de animais para que estes possam destinar uma percentagem (que poderia ser por exemplo 1% ou 3%) do lucro que conseguem auferir com a venda dos livros, exposições, concertos a favor do projecto, divulgando o mesmo e convidá-los para colaborarem gratuitamente em campanhas a favor da protecção dos animais e sensibilização contra o abandono e maus tratos aos mesmos;
- criar e manter actualizado um site ou blog na Internet, com listas de contactos de todas as associações/instituições/grupos de cidadãos (que fazem acções de protecção animal), com o número de voluntários necessários diariamente ou em alturas de campanhas (nos vários pontos do país), com os contactos e moradas de todos os consultórios e clínicas veterinárias (participantes neste projecto); formulários de inscrição para voluntariado e pedidos de ajuda; informação sobre legislação de protecção animal em vigor; informação útil para qualquer cidadão saber como poderá cuidar correctamente do seus animais de estimação; informação para qualquer cidadão saber como deverá proceder sempre que tomar conhecimento de situações de maus tratos a animais ou abandono dos mesmos; disponibilizar o NIB (número de identificação bancária) da conta bancária do projecto para qualquer cidadão poder fazer donativos em dinheiro, por transferência bancária e facultar aos mesmos os respectivos recibos.
Somos cerca de 10 milhões de portugueses... se uma pequena percentagem da população, por exemplo 10% (1 milhão de portugueses) colaborasse com 1€ por mês para este projecto, o mesmo conseguiria ter ao seu dispor 1.000.000,00€ / mês (200 mil contos)!!! Quantos animais o projecto poderia ajudar com este valor?
Como diz o povo... "ONDE TODOS AJUDAM, NADA CUSTA!"
Ahhhhhhh,Maria(sucupira)que publicação de ensinamento.
ResponderEliminarBavo sucupira,grande aula de sociologia bem dirigida.
Diz um ditado muito antigo(milenar);
A divisão é caridade,a sobra é do excesso.
Se não fizermos algo, não vamos deixar de ver animais a olhar-nos por detrás de grades! Para quem dá valor à liberdade, isto DÓI! :(
ResponderEliminarViu sucupira,quando li tua mensagem por aqui ja havia estado e comentado.
ResponderEliminarJa havia sido conduzido para ca.
Para quem quiser saber o que já foi feito em 2010 e qual foi a resposta que foi dada aos cidadãos, convido a ler com muita atenção esta página e a ver a reportagem da RTP:
ResponderEliminarCampanha de esterilização de animais abandonados
http://campanhaesterilizacaoanimal.wordpress.com/category/abaixo-assinado-ao-ministro-da-agricultura/
Quando os governantes querem "empurrar para as costas" dos cidadãos a responsabilidade que eles deveriam assumir lá vem a velha resposta... "RESTRIÇÕES ORÇAMENTAIS"! Nada que me deixe admirada... Afinal, se o governo não se preocupa com os doentes, os idosos, as crianças, os sem-abrigo, porque haveria de se preocupar com os animais?
Só não há restrições orçamentais para o seu próprio despesismo, para as PPPs, os institutos, as fundações e /ou instituições-fantasma...
Antes de mais, muitos parabéns pelo blogue, principalmente pelo texto bem elucidativo cujo o tema vem de acordo com o que eu como ex-voluntária num canil, sempre pensei. Concordo inteiramente com o o exposto e hoje, dia mundial do animal, é uma leitura que serve para reflexão e como tal, vou tomar a liberdade de partilhar faceboock e no meu blogue. Obrigada. Virei até aqui mais vezes.
ResponderEliminarAna Paula, seja muito bem-vinda a este espaço!
ResponderEliminarMuito obrigada por felicitar o meu blog! Eu é que agradeço o seu interesse por esta ideia e pela divulgação que fará da mesma!
Volte sempre! :)
Recomendo a leitura deste artigo:
ResponderEliminarDesempregados sem meios para manter animais de estimação
(Notícia publicada no JN, em 31 de Julho de 2012)
Aqui podem ver duas sugestões que me foram enviadas pela Rosário Almeida, da APAAE – Associação de Protecção e Apoio ao Animal Errante, em Castelo Branco:
EliminarCampanhas de Esterilização de Cães e Gatos
Se tiverem mais ideias, não hesitem em participar! MUITAS CABEÇAS A PENSAR VALEM MAIS DO QUE UMA! :) Comentem neste post ou enviem-me um email para eu publicar no blog, apresentando as vossas sugestões, para que todos os leitores interessados possam tomar conhecimento das mesmas! Os animais agradecem! ;)
O povo,a massa popular,este é o grande segredo.
ResponderEliminarQuando esta massa popular tem um objetivo bem traçado nada mas nada mesmo a demove de seus intentos e se este intento é na busca de resultados que ajudem a coletividade humana e animal então definida está a intenção benfeitora.
UNIÃO É A FORÇA DE UM CONJUNTO,NADA TEM MAIS FORÇA OU PODER.
Concordo plenamente! :)
ResponderEliminarPara poderem perceber melhor porque é que é tão importante ajudarmos as pessoas, para que estas possam ajudar os seus animais de estimação, recomendo uma visita a esta página:
ResponderEliminarGato eutanasiado só porque o dono não tinha dinheiro
Importantíssima postagem amiga, aplaudo de pé cada palavra...
ResponderEliminarÉ de pessoas assim que este planeta precisa...Vamos dar as mãos e fazer com coração, tudo que os animais esperam de nós...beijos amiga...
Vanessa Gaia, muito obrigada pela força e pelo carinho! :)
EliminarUm abraço!